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Ovinocultura na Nova Zelândia é tema de palestra no Campus Ceres

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Publicado: Terça, 10 de Abril de 2018, 17h30 | Última atualização em Quinta, 19 de Abril de 2018, 23h11 | Acessos: 1916

O evento foi promovido pelo bacharelado em Zootecnia da unidade. A palestrante, que atua na Nova Zelândia há nove anos, falou aos estudantes dos cursos de Ciências Agrárias 

Texto e fotos: Tiago Gebrim

 


O Campus Ceres recebeu nesta terça-feira, 10 de abril, a zootecnista Dayanne Almeida, convidada pelo bacharelado em Zootecnia da unidade para falar aos graduandos do curso e de áreas afins. Almeida é formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e atua com ovinocultura, residindo já há nove anos na Nova Zelândia. Não por acaso, sua palestra teve o nome Ovinocultura na Nova Zelândia: experiência e aplicabilidade no Brasil.

Dayanne Almeida falou para um público composto de graduandos e estudantes de Ensino Médio Técnico, dos cursos de Zootecnia, Agronomia e Agropecuária. Sua fala teve início com recortes de como foi o ingresso no curso, em que houve estranhamento e sentimento de não pertencer à área, até o momento em que descobriu sua paixão pela ovinocultura. Entre uma ponta e outra, ajudaram os grupos de estudos da universidade, nos quais a profissional teve participação intensa.

Ao falar sobre como chegou a Nova Zelândia, Almeida citou a importância de sair da zona de conforto e fazer estágios diversos. “Às vezes sua chance não está na esquina, está a 2.000 quilômetros”, exemplifica, citando que durante a graduação fez estágios em Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso e Bahia. Ela defende que as boas vagas, “a sua vaga real”, como diz, não estarão estampadas em jornal, e sim irão surgir no olhar do produtor, ao verificar a qualidade do trabalho, ou mesmo na indicação de um professor do curso.

"Não fui chamada para Nova Zelândia por saber sobre ovelha" – Adentrando o tema principal de sua palestra, Almeida chamou atenção para a proatividade, característica que é diferencial na cultura neozelandesa, segundo ela. “[Somente] Assistir aula não dá emprego. Vocês sabem qual a porcentagem de egressos que sai empregada atualmente?” – desafia a zootecnista à plateia – “Somente 15%. E o que vocês estão fazendo para ser parte desses 15%?”. Almeida reforçou a importância dos estágios e de ser atento e proativo no trabalho. “Fui chamada para a Nova Zelândia por que eu sabia de ovelha? Não”, diz ela, ilustrando sua fala com o próprio exemplo.

Trabalhando desde 2009 no país, Dayanne conta que houve, a partir de 1984, uma mudança radical na ovinocultura neozelandesa, a partir de quando a lã entrou em baixa, dando lugar a algodão, elastano e outros tecidos. Nesse momento, o governo retirou os subsídios aos produtores, que chegavam a 40%, e esses foram obrigados a se reorganizarem. Ao longo desse período, a produtividade de ovinocultura de corte foi ampliada, havendo atualmente um rebanho menor, mas com maior peso de carcaça e maior porcentual de taxa de desmame.

Em comparação ao Brasil, Almeida traz números impressionantes: com uma área pouco menor que a do estado do Tocantins, a Nova Zelândia tem 60% de seu relevo sendo montanhoso – justamente a área utilizada para a criação de ovinos. Ao todo, menos de 30% da área país é utilizada para a pecuária, sendo disputada, principalmente, entre ovinos e gado de corte e leiteiro. Ainda assim, o país oceânico é o maior exportador de carne ovina do mundo, distribuindo sua produção para mais de 60 países, entre eles o nosso.

As justificativas para tal fato foram resumidas por Almeida em cinco pontos:

  • Forte cooperativismo entre os produtores, envolvendo toda a cadeia produtiva;
  • A proatividade dos produtores neozelandeses;
  • O comportamento altruísta dos produtores, que compartilham suas ideias e inovações, de forma a fortalecer a cadeia como um todo;
  • A estreita relação entre os centros de pesquisa universitários e os produtores – inclusive com atenção à adequação da linguagem científica para o universo dos ovinocultores;
  • O reconhecimento da importância estratégica de um programa estruturado para melhoramento genético do rebanho.


Pesquisa sem aplicação, não – Durante sua abordagem sobre os tópicos definidores da ovinocultura neozelandesa, Dayanne Almeida narrou sobre a Beef + Lamb New Zealand, organização gestada e gerida por produtores para promoção da carne do país, e que atua sobre toda a cadeia produtiva. A iniciativa se mantém por meio do retorno de US$ 0,60 (60 centavos de dólar) por cabeça, valor que a permite fazer grandes investimentos dentro da cadeia de produção, sendo, entre estes, 31% para a capacitação técnica do produtor, 21% para pesquisa e aplicação e 13% para desenvolvimento de mercado.

Sobre esses (re)investimentos da Beef + Lamb, a zootecnista foca no percentual destinado à pesquisa para enfatizar a importância da aplicação dessa. “Hoje, em conferências, seminários, em que há apresentação de teses, convida-se o produtor?”, ela pergunta. “Não adianta fazer a pesquisa se não houver aplicação”, provoca ela, apontando a discrepância entre pesquisa e extensão no Brasil. A palestrante salienta que há muito incentivo para produção cada vez maior de pesquisa, que resultam em artigos, mas não há igual promoção da extensão, a verdadeira responsável por levar os resultados para a realidade do produtor.

Por fim, ao pontuar sobre o último tópico, Almeida trouxe informações sobre os itens relevantes para seleção dos animais para o melhoramento genético, e reforçou um aspecto que muitas vezes não é compreendido: o melhoramento dos animais é importante, mas de nada adianta se antes não houver melhoria na qualidade do manejo – alimentação e ambiente. “O melhoramento genético é uma consequência da estruturação da cadeia produtiva, e não o ponto inicial”, conclui a zootecnista.



Thiago Dias, estudante de Zootecnia do campus, a palestrante convidada, Dayanne Almeida, e a coordenadora do bacharelado em Zootecnia, Flávia Abrão

 

Ascom Campus Ceres

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