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Mês da Mulher

Pesquisa mostra desigualdade de gênero em inserção profissional no Agro

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Publicado: Quarta, 29 de Março de 2023, 16h32 | Última atualização em Segunda, 03 de Abril de 2023, 11h36 | Acessos: 938

 Professora do IF Goiano aponta que 80% dos egressos desempregados na área em Goiás são mulheres e, mesmo com maior escolaridade, elas ganham a metade dos homens.

"A inserção da mulher no agronegócio é precária e essas discussões não podem ser deixadas de lado", afirma Cássia. Foto: acervo pessoal.
"A inserção da mulher no agronegócio é precária e essas discussões não podem ser deixadas de lado", afirma Cássia. Foto: acervo pessoal.

Pesquisa realizada por docente do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) mostra que, assim como em outros setores e profissões, há forte desigualdade entre homens e mulheres na inserção profissional no Agronegócio. O estudo é fruto de tese de doutorado defendida no mês passado e, apesar do recorte de gênero, demonstra um minuncioso perfil dos egressos das áreas de Ciências Agrárias e Tecnologia em Agronegócio do Estado de Goiás.

A pesquisa foi realizada de agosto de 2021 a janeiro de 2022 com estudantes formados no período de 2013 e 2020 em todas as instituições de ensino superior público goianas (Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal de Jataí, Universidade Estadual de Goiás e Instituto Federal Goiano). A amostra, de 600 respondentes, permite que os resultados representem toda a população do Estado.

Entre os diversos dados coletados, identificou-se, por exemplo, que 77% do total de egressos desempregados é mulher. Elas têm maior dificuldade de atuar na área de formação e ascender profissionalmente, sendo minoria entre os que ocupam cargos de gestão. Além disso, a renda média das mulheres é menos que a metade da masculina, mesmo que elas possuam escolaridade mais elevada.

O estudo mostra, também, que 80% das egressas das instituições pesquisadas possuem renda de até 4 salários mínimos e, no caso das mulheres pretas, ela é ainda menor. Essa desigualdade de renda ocorre justamente pela dificuldade de ascensão profissional, mas mesmo desempenhando a mesma atividade que os homens, a renda das mulheres é menor. 

Para a responsável pela pesquisa, Cássia da Silva Castro Arantes, diante deste cenário, a inserção profissional da egressa de Ciências Agrárias/Agronegócio no serviço público acaba sendo um caminho para fugir das desigualdades. Essa escolha permite às mulheres atuar na área de formação, obter renda e ascensão profissional. Neste espaço, conforme o estudo, as egressas são maioria em relação aos homens.

“Em suma, a inserção da mulher no Agronegócio é precária e mostrar esses dados no mês da Mulher traz uma importante reflexão sobre equidade de gênero no mundo do trabalho. Essas discussões não podem ser deixadas de lado sob o risco de naturalização de um problema tão sério”, considera a pesquisadora.

Machismo estrutural – A técnica administrativa do IF Goiano Kennia Barbosa Machado, zootecnista por formação, vivenciou na carreira profissional situações exatamente demonstradas na pesquisa de Cássia. “O atendimento nas fazendas não é fácil para a mulher, além do risco de assédio, por conta do machismo estrutural, ela precisa transmitir o conhecimento com muita segurança para ser ouvida”, revela. 

Após a faculdade, Kennia encontrou dificuldades para conseguir emprego por não ter experiência. Mas depois de adquiri-la e, ainda, capacitar-se academicamente – a profissional é mestra em Agronegócios -, o mercado já não quis pagar aquilo que lhe parecia justo. A saída foi estudar para concurso público e hoje ela é Tecnóloga em Agronegócio do IF Goiano e atua na Reitoria, em Goiânia.

Assim como Kennia, a egressa do curso de Zootecnia do Campus Morrinhos Rayssa Silveira Costa conta que não foi fácil conseguir emprego e o fato de ser bonita e gostar de se cuidar também foram fatores que, no início, influenciaram na carreira. “Se somos educadas, as pessoas tendem a levar para outro lado”, explica. Apesar disso, a profissional acredita que, aos poucos, as mulheres estão conquistando mais espaço no mundo do agronegócio. “Devemos enxergar quem somos e o que queremos sem deixar que homens ou mulheres nos diminuam ou menosprezem”, ensina.

Perfil geral – Apesar do recorte de gênero que aponta para as desigualdades, o estudo de Cássia traz diversos outros dados importantes para o setor. A pesquisa mostra que a maioria dos profissionais egressos está inserida no mercado – e, desses, 30% atuam em cargos de gestão e comercialização de insumos/implementos/commodities – o que mostra uma tendência de contratações para estas atividades.

Somente 4% está empreendendo na área, ao mesmo tempo, as atividades ligadas ao empreendedorismo estão entre as que melhor remuneram. Ou seja, o empreendedorismo é um nicho que se abre para esses profissionais propiciando oportunidades de aplicar os conhecimentos e habilidades possuídos e ao mesmo tempo obter maior renda.

Outro dado interessante, por fim, é que 40% dos egressos são filhos de produtores rurais, em sua maioria de pequenos proprietários. Desse número, 19% já realizaram a sucessão geracional, assumindo a propriedade da família definitivamente. Mas essa sucessão ocorre na maioria dos casos em paralelo ao desenvolvimento de outras atividades profissionais. Assim, estar inserido no mercado não concorre com a sucessão, pelo contrário, influencia positivamente que ela ocorra.

Diretoria de Comunicação Social

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