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Desigualdades de gênero influenciam na carreira de pesquisadoras

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Publicado: Quarta, 24 de Outubro de 2018, 23h03 | Última atualização em Segunda, 29 de Outubro de 2018, 11h50 | Acessos: 904

Pesquisadora discute carreira da mulher e mãe cientista, abordando os impactos da desigualdade na produtividade.

imagem sem descrição.

A vida e carreira da pesquisadora Dra. Rosaline Cristina Figueiredo e Silva conduziram a reflexão sobre “Mulher cientista: o desafio de conciliar maternidade e carreira” na manhã desta quarta-feira, 24, durante as atividades do 7º Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológica do IF Goiano (Ceict), 7º Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação (CPPG) e 8º Seminário de Avaliação dos Programas de Pós-Graduação do IF Goiano (Semapós).

A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) deu voz, em sua palestra, a uma mobilização que vem crescendo nos ambientes acadêmicos de todo país: o reconhecimento das desigualdades de gênero e suas consequências para a produtividade científica das pesquisadoras, bem como a articulação de políticas para combater essa situação. Para se ter uma ideia, o projeto brasileiro “Parent in Science” descobriu que entre as mães cientistas, 54% são responsáveis exclusivas pelo cuidado com o filho ou filhos. Em apenas 34% das famílias a responsabilidade é dividida entre pai e mãe.

Outros estudos apresentados por Rosaline em sua palestra, mostram que a maternidade é provavelmente o fator que mais impacta negativamente na carreira da mulher de modo geral. “Pesquisadores dinamarqueses publicaram um estudo que mostra que a desigualdade de gênero causada pelo fator criança cresceu de 40% na década de 1980 para 80% em 2013”, comentou ela.

As desigualdades aparecem também nos salários. Diferentemente dos homens, os estudos apontam que, na média, as mulheres passam a ganhar menos nos anos que se seguem ao nascimento de filhos. A pesquisadora mostrou também um estudo conduzido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) que descobriu que metade das mulheres brasileiras fica desempregada um ano após ter filho.

No caso da academia, o projeto “Parent in Science” mostrou que 81% das pesquisadoras entrevistadas em seu estudo consideram que ter filhos gerou impacto negativo na carreira. De fato, o mesmo grupo publicou estudo que mostra queda da taxa de publicação entre mulheres depois dos nascimentos dos filhos e sua retomada leva alguns anos.

Como consequência, apesar das mulheres serem maioria entre bolsistas CNPq de iniciação científica (55%), mestrado (52%) e pós-doutorado (53%) e empatarem em bolsas de doutorado com os homens, são minoria entre bolsistas de produtividade em pesquisa (36%). Na prática, o período em que os pesquisadores atingem produtividade para conquistar tal bolsa, em geral, coincide com o momento em que as cientistas se tornam mães.

A desigualdade na distribuição de tarefas na criação dos filhos e a própria cultura da maternidade não são levadas em consideração no ambiente de pesquisa e pós-graduação, pelo menos não de forma sistemática, conforme disse Rosaline. “E se as professoras em geral não possuem apoio institucional para o retorno da licença-maternidade, a situação é ainda pior entre as alunas”, completou.

Para diminuir as assimetrias, a pesquisadora listou algumas possíveis soluções que podem ser estudadas e implantadas: maior compatibilidade de licença-maternidade com licença-paternidade, pois ambos os pais devem cuidar da criança, creches, fundos para contratação de pesquisador assistente na ausência ou retorno da mãe ao trabalho, criação de grupos de apoio, além de empatia e colaboração entre as próprias mulheres.

IF Goiano

No último mês, o IF Goiano constituiu uma comissão para elaborar propostas de apoio e promoção da equidade para as mães pesquisadoras da instituição. A professora do Campus Morrinhos Clarice Megguer, presidente da comissão, disse que serão realizados levantamentos tanto entre estudantes da pós-graduação quanto entre as professoras para descobrir os principais desafios e propor soluções. “É possível conciliar os dois papeis, de mãe e pesquisadora, mas é preciso de suporte institucional para isso”, explicou Clarice. As reuniões da comissão começam nos próximos meses.

Texto: Karen Terossi
Foto: Ícaro Lunas

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