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Agronomia, uma década

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Publicado: Quinta, 12 de Março de 2020, 17h40 | Última atualização em Terça, 17 de Março de 2020, 23h07 | Acessos: 1331

Com mais de 150 profissionais formados e reconhecimento com conceito quatro (numa escala de um a cinco) pelo MEC, primeiro bacharelado do Campus Ceres completa 10 anos de vida

Por Tiago Gebrim
Fotos: Tiago Gebrim

 

 

Nesta quarta-feira, 11 de março, estudantes do curso de Agronomia lotavam o corredor de acesso ao miniauditório, no Bloco E, o mais novo do Campus Ceres do Instituto Federal Goiano (IF Goiano). Lá dentro, estudantes do centro acadêmico, outros do grupo Faeg Jovem, e professores davam os últimos retoques para iniciar a solenidade da noite. Nada menos que a comemoração aos dez anos do início da primeira graduação em modalidade bacharelado do campus. Sim, o curso de Agronomia chegou a sua primeira década de vida.

A comemoração iniciada na quarta-feira, e que se estenderá até sábado 14, foi um momento que, apesar de formal, conservou a proximidade e a conversa franca, e foi direcionado tanto aos veteranos e velhos de casa quanto aos calouros, que ingressaram na unidade há cerca de um mês. A mesa diretiva, pequena, foi formada por ex-coordenadores – que hoje ocupam outras funções –, pela atual coordenadora, uma estudante egressa e a atual presidenta do Centro Acadêmico.

 

 

Primeira a falar, a estudante Lorenna Varão, à frente do CA Agro, falou da trajetória da entidade e de sua criação, ocorrida em 2013 pelo então estudante Ênio Gontijo, também presente na solenidade. Em seguida, Marta Jubielle Félix, três vezes egressa do Campus Ceres (no curso técnico, superior e no mestrado profissional) contou das experiências de participar da primeira turma do curso. “Tive o privilégio de acompanhar este curso não só na primeira turma, mas antes, desde seu projeto, as discussões para implantação”, assinala ela, que à época cursava o Técnico em Agropecuária.

Jubielle chamou atenção para alguns fatores, entre eles a escassez de recursos naturais e a fome que assola grande parte da população do globo. “Não há como pensar mais somente em expansão [das áreas agricultáveis]”, falou, lembrando os graduandos sobre a responsabilidade deles com o meio ambiente. Mais tarde esse mesmo assunto seria pauta da palestra A importância da agricultura no Brasil, ministrada pelo professor e agrônomo Ariston Afonso.

Coordenadora atual do curso de Agronomia, Camila Rodrigues falou em sequência. Ela agradeceu o CA Agro por sua atuação e o ex-coordenador, Renato Rodovalho, atual gerente de Ensino, pela confiança dada a ela, que trabalhou como vice-coordenadora em seu mandato. Falando sobre os aspectos da profissão abraçada pela plateia, a coordenadora também tocou no assunto ambiental: É possível produzir sendo sustentável. As perspectivas mudaram muito ao longo do tempo e hoje a sustentabilidade é uma referência importante”. Ao fim de sua fala, ela homenageou os cinco ex-coordenadores do curso com a entrega de um certificado de honra.

 


(Esq. para dir.) Renato Rodovalho, Henrique Oliveira, Luís Sérgio Vale, Camila Rodrigues, Aurélio Martinez e Cleiton Mateus

 

O diretor-geral do Campus Ceres, Cleiton Mateus, foi o primeiro coordenador do curso de Agronomia. Presidindo a mesa e encerrando as falas, ele aproveitou o momento para retomar um pouco da história do curso. Lembrou a quantidade de inscritos no primeiro vestibular – 276 candidatos – e como era outra realidade o campus e a estrutura (aliás, qual estrutura?) da época, para o curso. Sua fala foi ao encontro da de Marta Jubielle: não havia salas de aula dedicadas, muito menos laboratórios.

“Para muitos, era loucura começar um curso nessas condições. E eu digo, se nos sentarmos e esperarmos tudo o que queremos para começar, não vamos sair do lugar”, enfatizou. Atualmente o curso de Agronomia faz uso de diversos laboratórios, como o de Solos, de Fisiologia Vegetal e de Fruticultura, além da área experimental que inclui o pivô central, inaugurado em 2014. Cleiton concluiu dizendo o que espera ser sempre marca dos agrônomos formados no Campus Ceres: “profissionais preocupados com a produção de alimentos, com o bom uso dos recursos naturais e, além disso, comas relações interpessoais e bem-estar dos cidadãos e de seus colegas de profissão.”

 


Lorenna Varão, presidenta do Centro Acadêmico de Agronomia

 

Quando a mesa diretiva foi encerrada, quem assumiu a fala foi o servidor do Conselho Regional de Engenharias e Agronomia (Crea) de Goiás, o professor e engenheiro agrônomo Ariston Afonso. Ele foi o convidado de honra da solenidade, e falou sobre a história da agricultura no Brasil, suas condições atuais e os rumos para os quais podemos apontar para o futuro da produção de alimentos e do trabalho do profissional da Agronomia.

Ariston traçou a dura realidade da agricultura brasileira ao longo do século XX, que punha o País numa situação de necessidade de importação de alimentos. “Em 1968, o Estado de São Paulo trazia a seguinte manchete: Ineficiência no campo gera problemas em todo o País”, ilustrou. A perspectiva era de escassez de alimentos e baixa produtividade, com a produção tendendo para a monocultura. Além disso, práticas inadequadas causaram “severos impactos ambientais, como erosão e assoreamento”, conta ele.

Abundância de recursos naturais combinada com extensas áreas agricultáveis e disponibilidade de água. Assim era o Brasil que importava – sim, importava – alimentos. Ariston pergunta: como? Entre os obstáculos que citou estavam a qualidade dos solos, com baixa fertilidade natural e acidez elevada, a falta de adaptação ao clima de grande parte das culturas produzidas aqui, importadas de outras regiões, a falta de mão de obra qualificada, de insumos e o desconhecimento de administração rural.

 


Ariston Afonso, do Crea/GO

 

A solução foi o País investir em pesquisa. Na verdade, a primeira iniciativa no âmbito era bem anterior a este período, e se deu ainda no Brasil Império, em 1887, com a criação do Instituto Agronômico de Campinas. Ao longo das décadas vieram Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP), a Universidade Federal de Viçosa, entre outras. A grande tacada foi a criação da hoje famosíssima Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, em 1976. Resultado de tudo? “Hoje a agricultura brasileira está no topo da tecnologia mundial”, afirma Ariston Afonso.

E se nos últimos 40 anos “saímos da posição de importadores para um dos maiores exportadores de alimentos do mundo”, isso é também uma advertência para que a nova geração não tenha “preguiça e nem medo de tecnologia e máquinas” que vem por aí, avisa o palestrante. Ele também lembrou da importância da agricultura familiar, que produz mais de 50% dos alimentos na mesa dos brasileiros e emprega cerca de 70% da população rural.

E o que vem por aí? Na perspectiva apresentada por Ariston, o aumento da população mundial e do Brasil e a melhoria das condições de renda irão ampliar não só a quantidade de alimento consumido, mas também a diversidade e a exigência por qualidade. Como resposta, principalmente, a este desafio, o engenheiro agrônomo aponta a 2ª revolução tecnológica, isto é, as novas máquinas aplicadas a agricultura, o que inclui a internet das coisas (Internet of Things) e aplicação de inteligência artificial para automação e melhoria de previsões e prognósticos. Ele apontou que o investimento de start ups de tecnologia na área de Agronegócio é alto, e grandes marcas estão entrando nesta área, como Dell, General Eletric e Bosch.

Mas o homem não será substituído pela máquina, ele afirma. Ele estará lá, programando, atuando junto a ela. Nesse tom, Ariston finalizou sua fala lembrando de aspirações e pontos norteadores para a agricultura e pecuária que vão além do que uma máquina pode fazer, e são essencialmente humanos: a busca por alimentos mais saudáveis – o que também agregará valor aos produtos –, o cuidado e respeito ao Meio Ambiente, em todas as situações, e a inclusão, que busque melhorar as condições de vida e dar bem-estar a todos os trabalhadores envolvidos com a produção agropecuária.

 


William Sulino e Ênio Gontijo, ex-presidentes do centro acadêmico, foram homenageados pela atual gestão do CAAgro

 

 

 

Ascom Campus Ceres

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