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“O cientista precisa da sociedade e a sociedade precisa da ciência”

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Publicado: Sexta, 18 de Mai de 2018, 10h46 | Última atualização em Sexta, 18 de Mai de 2018, 12h19 | Acessos: 642

Em conferência sobre plantas populares durante a Reunião Regional em Rio Verde (GO), pesquisadora do IF Goiano defendeu que, juntos, a ciência e o saber popular são mais fortes.

Pesquisadora vê uma falta de interesse da indústria para investir em pesquisas no Cerrado. Foto: SBPC
Pesquisadora vê uma falta de interesse da indústria para investir em pesquisas no Cerrado. Foto: SBPC

Tanto a cultura popular quanto o rigor científico devem ser levados em consideração quando o assunto é planta de uso popular. Essa foi a síntese da conferência “Plantas de uso popular: verdades e mitos”, proferida na quarta-feira, 16, pela professora Cássia Cristina Fernandes Alves, pesquisadora do Laboratório de Química de Produtos Naturais do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) - Campus Rio Verde.

A apresentação, que integra a Reunião Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), reuniu um público de aproximadamente 100 pessoas no Salão Social da unidade. Especialista no assunto, Cássia falou sobre todas as etapas da pesquisa, desde a concepção no laboratório, em que ela ressalta que a revisão bibliográfica tem um papel importante quando se estuda os potenciais usos das plantas. “Não adianta, a parte mais importante da pesquisa é a revisão bibliográfica. O Brasil, sobretudo, o Cerrado, é maravilhoso em matéria de biodiversidade, mas o pesquisador tem de saber sobre aquilo que vai pesquisar, porque mesmo com toda a variedade, você está sujeito a entrar no tema de outra pessoa”, destaca.

Após a revisão bibliográfica, vem a parte dos recursos para pesquisa, em que a pesquisadora do IF Goiano vê uma falta de interesse da indústria para investir em pesquisas no Cerrado, além da crise por qual passa o País, que reduziu os aportes financeiros. Alves destacou o tema do congresso da SBPC como provocação para a inovação e a saída da crise.

“Qual o tema desta reunião que nós estamos participando?”, e seguiu: “‘Cerrado: Ciência, Inovação, Crescimento Econômico, Desenvolvimento Sustentável e Sociedade’”, respondeu. “Nós precisamos inovar nos métodos e ser firmes na ação, seguir em frente com nossas pesquisas para alcançarmos o crescimento econômico e o desenvolvimento para esse bioma”, defendeu.

A pesquisadora do Laboratório de Química de Produtos Naturais falou também dos processos, em que ela salientou que os métodos são impreteríveis para uma boa pesquisa em produtos naturais. “O horário de coleta apresenta diferentes reações das composições químicas, ou seja, você não pode esperar a extração do mesmo óleo essencial de uma planta que você colheu às seis da manhã ou às oito da noite”, exemplificou.

Se valendo de um chá bastante popular no Brasil, Alves mostrou como o rigor científico auxilia a cultura popular nesse sentido. “Dizem que o chá de erva cidreira tem efeito calmante, será que o efeito será o mesmo com a panela tampada ou destampada? Com a água fervendo ou não? Tudo isso influencia”, exemplifica, segundo ela porque o princípio ativo é um óleo essencial volátil, que quando a água verve, ele evapora. Logo,a tampa é importante.

Embora Alves tenha falado sobre os problemas para levantar recursos para a pesquisa, ela apontou também a necessidade de um ambiente mais aberto e fez um alerta aos radicalismos.“Nem tudo que é natural é bom e nem tudo que é sintético é ruim', defende. Você pode usar o conhecimento popular para se aprofundar em um estudo sobre um determinado composto e chegar a um produto comercializável.

A professora, portanto, refuta a dicotomia cultura popular x método científico e prefere a colaboração entre as áreas. “Existem muitos indícios e poucas comprovações acerca de plantas que podem ser benéficas, mas a pesquisa científica não é tão rápida quanto os relatos, a sabedoria popular. Então eu acho que as duas coisas precisam caminhar juntas. O cientista precisa da sociedade e a sociedade precisa da ciência”, concluiu.

 

Flickr: confira fotos do evento

 

Marcelo Rodrigues, estagiário da SBPC, para o Jornal da Ciência

 

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