Essa pagina depende do javascript para abrir, favor habilitar o javascript do seu browser! Ir direto para menu de acessibilidade.

Opções de acessibilidade

GTranslate

    pt    en    fr    es
Início do conteúdo da página

Evento promove lançamento do livro Campo, Floresta e Águas: práticas e saberes em saúde

0
0
0
s2sdefault
Publicado: Sexta, 18 de Mai de 2018, 19h30 | Última atualização em Terça, 22 de Mai de 2018, 13h13 | Acessos: 840

O exemplar apresenta respostas de pesquisas realizadas junto aos povos dos campos, das águas e das florestas, por meio de um observatório em saúde. Foi escrito por 70 autores, dentre eles, 3 professores do Campus Rio Verde. 

A primeira remessa do livro teve distribuição gratuita, Em breve, nova remessa será disponibilizada para a venda
A primeira remessa do livro teve distribuição gratuita, Em breve, nova remessa será disponibilizada para a venda

O lançamento fez parte da programação da 70ª Reunião Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está acontecendo no Campus Rio Verde desde o último dia 15, e ocorreu durante uma mesa de diálogos coordenada por um dos organizadores do exemplar, o pesquisador da Fiocruz, Fernando Ferreira Carreiro.

Na ocasião, o pesquisador explicou que os trabalhos de pesquisa tiveram uma duração de 5 anos e envolveram comunidades que vivem no campo de Norte a Sul do país, com a participação de pesquisadores acadêmicos e pesquisadores populares que moram nas regiões estudadas. Segundo Carreiro, os eixos norteadores da pesquisa envolveram aspectos que promovem e que ameaçam a vida de moradores de assentamentos e de comunidades quilombolas, pescadores e indígenas. 

Na região de Rio Verde, a abordagem foi feita pelos professores do Campus Rio Verde do IF Goiano, Luiza Medeiros, Samantha Rezende e Juarez Martins,  junto aos moradores do Assentamento Pontal do Buriti, que há cerca de 5 anos tiveram sua escola atingida pela pulverização aérea de agrotóxico, contaminando mais de 100 pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos.

O grupo concluiu que há no assentamento fatores importantes que promovem a vida da comunidade estudada, como a própria terra, a escola, a vida na roça, a produção de alimentos e as festividades locais, dentre outros. Sobre os aspectos que ameaçam a vida, os pesquisadores detectaram ausências de postos de saúde no local, falta de transporte, dificuldade de acesso a crédito rural, pulverização de agrotóxico por meio aéreo, etc.

Abaixo um trecho do livro sobre a pesquisa realizada no assentamento rio-verdense:

“... as falas da comunidade pesquisada remetem ao histórico das famílias atingidas pela pulverização e nada é mais humilhante que o estigma dado as inúmeras famílias (quase cem pessoas) pelos órgãos de atendimento da saúde pública local, que impuseram um codinome aos moradores de “os envenenados”. Reverter este quadro de discriminação, senão pelo esquecimento e pela intenção de deixá-los na invisibilidade, é tão complexo e difícil quanto o Estado ter a capacidade de (res)significar a sua ação (Paulo Freire) e cumprir seu papel social frente às suas obrigações, como garantia de um justo atendimento às famílias vítimas desse acidente criminoso.” (Página: 230).

Um dos professores da escola, presente no lançamento, disse que ainda hoje as pessoas atingidas com o agrotóxico sofrem com as sequelas. A comunidade foi indenizada em 150 mil reais para tratamento dos contaminados, um valor comemorado como um ganho simbólico pelos moradores.

Ainda sobre o livro, os pesquisadores o tem como um instrumento de luta dos povos que vivem no campo, nas florestas e nas águas. A intenção é percorrer todas as comunidades pesquisadas para apresentar os resultados alcançados. Foi isso que o grupo fez nessa sexta-feira, dia 18, ao visitar o Assentamento Pontal do Buriti para encontrar com os moradores. 

Lei de agrotóxico

Outro assunto abordado na mesa foi a proposta de alteração na lei de agrotóxico no Brasil, em vigor desde 1989, que segundo o professor da Universidade Estadual de Goiás, Murilo de Souza - que também integra o Grupo de Trabalho: Agrotóxicos e Transgênicos da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) - é algo que pode resultar em mudanças trágicas e profundas de forma a afetar a sociedade de um modo geral. O projeto de lei conta com o apoio da bancada ruralista e também de grandes empresas instaladas no país e deve ser votado, na Câmara Federal, no dia 29 de maio. Segundo o professor, várias ações estão sendo desenvolvidas no sentido de barrar a aprovação do projeto.

Presidente da SBPC

O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, esteve no lançamento do livro e elogiou a contribuição dos pesquisadores para com a ciência, uma vez que a iniciativa teve a centralidade nas pessoas. Segundo ele, o fazer ciência não deve se restringir ao poder econômico. “A ideia é aproximar a ciência da população brasileira, que a financia”, disse.

Ildeu colocou-se à disposição do grupo no sentido de proporcionar visibilidade ao trabalho realizado e convidou os pesquisadores a estarem presentes em todas as ações da SBPC. “Nós somos uma entidade apartidária e representamos pontos divergentes, por isso, queremos também colocar as ideias progressistas em nossa pauta de trabalhos”. O presidente da SBPC disse que seminários ocorrerão durante este ano em vários municípios do Brasil, no intuito de levantar pontos que serão apresentados aos candidatos que pretendem se eleger nas próximas eleições e espera contar com as contribuições do grupo.

 

Setor de Comunicação Social e Eventos

Fim do conteúdo da página